Desde criança sempre adorei animais.....
Durante minha infância e adolescência tive de tudo em casa: cachorro, coelhos, frangos, codornas, hamster, periquitos, calopsitas, peixes, etc...Cuidava de cada pardalzinho que caísse no meu quintal e dava comida para os cachorros que passavam pela minha rua.
Meus pais sempre com paciência, raramente diziam não para algum bichinho que quisesse ter.
Muitos anos depois, quando eu estava com 23 anos, vi uma reportagem no jornal que dizia que uma ONG em Jundiaí/SP tinha recebido um pingüim e estava precisando de ajuda com doações e voluntariado.
Esta ONG, a Associação Mata Ciliar, mudou totalmente minha vida. Comecei como voluntária, passei para estagiária (pois fazia curso técnico em Meio Ambiente) e passei a trabalhar lá poucos meses depois.
Aprendi de tudo, com todos os animais que chegavam e com a equipe, sempre na luta para a conservação das espécies. Cuidei de filhotes de gambás a onças pardas adultas.....
Mas, sem parecer injusta, dois animais dali foram marcantes pra mim....a Capi e o Japi.
Capi, uma capivara grande e engraçada, que adorava banhos de mangueira e um bom fardo de capim fresco. Tinha seu lugarzinho preferido na sombra, no alto do recinto, numa “caminha” que ela mesma criou. Adorava vê-la comendo de manhã e ficando com a cara toda vermelha de beterraba. Ela vinha junto às telas do recinto e se coçava tentando tirar os seus inúmeros carrapatos......Eu não tirava da cabeça, que se um dia eu ficasse rica construiria um lago enorme só pra ela.
Japi.....me lembro até hoje quando o vi pela primeira vez. Estava em uma salinha, no colo de uma amiga bióloga que tentava dar mamadeira pra ele. Miudinho e muito assustado, o filhote que tinha perdido a mãe, agora passava de colo em colo de técnicos pra ser alimentado. Ficava num cercadinho, tomando sol e descansando na sombra. Adorava suas mamadeiras de sucos e comia tanto, que depois mal conseguia andar...
Os dois, infelizmente há um tempo atrás, se foram......foram pra descansar, pra estar junto com outras capivaras...em algum lugar....
A ONG Associação Mata Ciliar, continua na luta sempre, fazendo um trabalho maravilhoso, onde aprendi muito....como bióloga e como pessoa. É um lugar muito especial pra mim, que não deixo de pensar num dia sequer, pois lá, ficou outra parte de mim, minha segunda família.....formada pelas pessoas e pelos animais.
Este texto é minha homenagem aos meus “grandes porquinhos da índia”, Capi e Japi.
Rita Tarallo, Bióloga